Manutenção é o segredo para a eficiência e longevidade da irrigação por gotejamento
Na agricultura moderna, a irrigação por gotejamento tem ganhado protagonismo por ser uma das formas mais eficientes de uso da água e dos nutrientes. Essa tecnologia garante alta produtividade mesmo em regiões com escassez hídrica. No entanto, muitos sistemas perdem desempenho poucos anos após a instalação, não por falhas de projeto ou equipamento, mas por descuido com a manutenção.
Ainda assim, em diversas propriedades rurais ao redor do mundo, há um cuidado técnico que, quando não realizado adequadamente, pode comprometer o desempenho do sistema. Os primeiros “sintomas” podem ser percebidos já nos primeiros anos após a implementação da irrigação por gotejamento, pois o sistema a a apresentar performance inferior ao inicial.
Os sinais de que algo está errado começam sutis: queda na pressão, redução no fluxo dos emissores, emissores entupidos, filtros que deixam de funcionar corretamente. Diferente de uma quebra mecânica evidente, como a de um trator, os problemas são graduais e fáceis de ignorar — até que impactem a produção.
Manutenção preventiva e monitoramento constante são essenciais. Ignorar pequenos alertas pode resultar em grandes perdas ao longo das safras. Portanto, a dica é: fique atento aos sinais, por menores que pareçam — o acompanhamento contínuo pode evitar prejuízos desnecessários.
A importância do cuidado técnico
Sistemas de irrigação por gotejamento só alcançam sua máxima eficiência e vida útil quando recebem manutenção preventiva contínua. A negligência compromete o investimento e os resultados no campo. Por outro lado, os benefícios do cuidado técnico são comprovados: um estudo da Universidade Estadual do Kansas (EUA) demonstrou que sistemas com manutenção consistente operaram com uniformidade e vazão adequadas por mais de 26 anos.
Com base em décadas de atuação global, auditorias técnicas e de agricultores, a Rivulis — multinacional israelense referência em tecnologias de irrigação — identificou nove pontos críticos onde a manutenção faz toda a diferença:
- Filtragem
A filtragem inadequada filtragem é a forma mais rápida de obstruir emissores e reduzir a vida útil do sistema. Filtros de areia, tela, disco ou hidrociclone exigem manutenção específica. Diferenças mínimas de pressão podem sinalizar falhas iminentes.
- Pressão de operação
Uma pequena mudança na pressão pode afetar drasticamente o desempenho dos emissores. O aumento dela indica entupimentos ou intrusão de raízes, enquanto quedas podem indicar vazamentos. A chave é aferir com base nas especificações originais de projeto para detectar variações precocemente.
- Monitoramento de vazão
Um sistema de gotejamento sem monitoramento de vazão é um sistema voando às cegas. Uma redução pequena no fluxo pode ar despercebida até que a produtividade caia. É importante lembrar que vazão irregular significa que as plantas não estão recebendo a quantidade de água projetada. Um aumento dele também não é bom sinal — geralmente indica vazamento.
- Lavagem das linhas
Mesmo com água limpa, sedimentos e algas podem se acumular. Lavar as linhas apenas abrindo as pontas não basta: é preciso garantir velocidade adequada da água. Tubulações exigem uma velocidade de lavagem de pelo menos 0,5 m/s e as linhas laterais de pelo menos 0,4 m/s (Devido às condições específicas do Brasil). Estas velocidades podem e devem ser maiores, caso a qualidade de água exija.
- Tratamento químico
É essencial para evitar obstruções causadas por sólidos ou matéria orgânica. Ácidos dissolvem sedimentos minerais; agentes oxidantes como cloro e peróxido combatem algas, bactérias e metais. A dosagem correta depende de vários fatores como tipo de ácido, cloro vs. peróxido, sensibilidade dos materiais, cálculos de concentração e dosagem— consulte sempre fontes confiáveis, como o Rivulis Knowledge Hub e os Guias de Gotejamento (disponíveis em www.rivulis.com).
- Prevenção de vazamentos e entupimentos
Mais do que reagir a falhas, é preciso agir preventivamente: controle de raízes, pragas, solo e precipitação de sais são parte da rotina de manutenção.
- Fertirrigação adequada
Fertilizantes mal dissolvidos, incompatíveis entre si ou mal aplicados causam entupimentos. A programação da injeção deve ser feita com cuidado técnico.
- Manutenção da bomba e da fonte de água
A bomba e a fonte de água influenciam o sistema como um todo. Fontes abertas devem ter controle rigoroso de algas e sedimentos. As bombas precisam de inspeções regulares, pois seu desempenho impacta a pressão e a vazão em toda a rede de irrigação.
- Gestão da salinidade
Leonardo Pinheiros, de empresas e gerente de serviços na Rivulis
O sal não desaparece — ele se acumula a cada irrigação. Fertilizantes aumentam ainda mais a salinidade. Nas regiões em que o excesso de sais seja problema, este deve ser removido da zona radicular antes que afete a produtividade. Felizmente, existem várias técnicas de lixiviação de sais, desde o posicionamento das linhas de gotejamento até o momento e a duração da irrigação.
Manutenção: custo ou investimento?
Dito tudo isso, é válido reforçar que a manutenção não é custo, e sim proteção. A performance do sistema ao longo dos anos está diretamente ligada à frequência e qualidade do monitoramento, não à sua idade.
Em resumo, sistemas de irrigação são tão eficientes quanto o cuidado que recebem. Pequenos descuidos podem comprometer todo o manejo. Manutenção não é tarefa pontual — é a garantia de que sua lavoura continuará produtiva, safra após safra.
* de empresas e gerente de serviços na Rivulis; e Técnico na Rivulis

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